Unidades chegam a registrar o triplo de casos em comparação ao mesmo período do ano anterior. Maioria dos pacientes são crianças
Os pais devem ficar alertas: os casos de conjuntivite em crianças têm crescido bastante nessa época do ano. Em comparação ao mês de setembro de 2021, hospitais do Recife chegam a registrar o triplo de casos no mesmo período desse ano. O aumento também foi verificado nos meses de agosto, julho e junho de 2022.
No Hospital de Olhos de Pernambuco (HOPE), unidade que integra a rede Vision One, mais de 4,3 mil casos de conjuntivite foram registrados nos últimos três meses, principalmente em crianças. O número é mais do que o dobro do mesmo período do ano passado e representa quase metade dos atendimentos na urgência do hospital.
"A gente vem observando nos últimos dois meses um aumento expressivo do número de pacientes com conjuntivite, e na maioria dos casos associados a um quadro gripal. São pacientes que já estão gripados e com alguns dias evoluem apresentando sintomas como olho vermelho, sensação de ardor, de areia, secreção principalmente ao acordar e em alguns casos pode ter dor associada”, comenta a oftalmologista Laura Sabino, do HOPE.
Laura ainda cita o impacto da pandemia da Covid-19 no problema. “Por causa da pandemia, passamos por um período onde a maioria dos vírus não circulava. E agora com a retomada de uma vida quase normal, a quase abolição das máscaras, temos um retorno da circulação dessas doenças. Muitas crianças que nasceram neste período não tiveram seu sistema imunológico ativado por essas pequenas viroses e agora elas estão tendo uma resposta exacerbada a esses vírus”, completa a especialista.
A conjuntivite é a inflamação da conjuntiva, a membrana transparente que reveste o globo ocular. Ela pode ter causa infecciosa (bactérias ou vírus, geralmente o vírus do resfriado ou da gripe) ou causa alérgica (não contagiosa).
A conjuntivite infecciosa pode afetar um ou ambos os olhos. A conjuntiva pode ficar vermelha e inchada. Pode haver sensação de areia, lacrimejamento ou secreção, e as pálpebras podem ficar inchadas e grudadas, especialmente pela manhã. A visão pode ficar borrada devido às lágrimas ou secreção. O paciente também pode ter sintomas semelhantes aos da gripe, como dor de garganta, febre, dor muscular e mal-estar geral, se associado a quadro gripal.
A oftalmopediatra Patrícia Rêgo, do Hospital de Olhos Santa Luzia, que também faz parte do grupo Vision One, também notou o aumento recente de pacientes com conjuntivite, em especial no público infantil. “Nos últimos dias, tem-se observado um aumento no número de atendimentos de crianças com queixas de irritação e secreção nos olhos. Muitos desses casos que chegam na urgência são quadros de viroses de vias aéreas, que como consequência da congestão nasal, acumulam lágrimas nos olhos, levando a formação de secreção, na maioria das vezes com regressão junto com a cura da virose. Mas também podem ser casos que podem evoluir com conjuntivites mais demoradas e sintomáticas, como são as adenovirais”, alerta a médica.
“Cada causa de conjuntivite tem um tratamento específico. A maioria das infecções resolve-se dentro de 1 a 2 semanas. O tratamento mais comum é para alívio dos sintomas, e consiste de uso de colírios lubrificantes, compressas frias e limpeza da secreção. Outras medicações podem ser necessárias, a depender do caso e orientação médica. A melhor forma de prevenção é a lavagem regular das mãos e evitar tocar nos olhos. A avaliação com o oftalmologista é fundamental para diagnosticar e orientar o melhor tratamento”, orienta a oftalmologista.
Principais sintomas da conjuntivite
– Olhos vermelhos e lacrimejantes;
– pálpebras inchadas;
– sensação de areia ou de ciscos nos olhos;
– secreção purulenta (conjuntivite bacteriana);
– secreção esbranquiçada (conjuntivite viral);
– coceira;
– fotofobia (dor ao olhar para a luz);
– visão borrada;
– pálpebras grudadas quando a pessoa acorda.
Tratamento
Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento da conjuntivite é determinado pelo agente causador da doença. Para a conjuntivite viral não existem medicamentos específicos. Já, o tratamento da conjuntivite bacteriana inclui a indicação de colírios antibióticos, que devem ser prescritos por um médico, pois alguns colírios são altamente contraindicados, porque podem provocar sérias complicações e agravar o quadro.
Cuidados especiais com a higiene ajudam a controlar o contágio e a evolução da doença. Qualquer que seja o caso, porém, é fundamental lavar os olhos e fazer compressas com água gelada, que deve ser filtrada e fervida, ou com soro fisiológico comprado em farmácias ou distribuído nos postos de saúde.
Prevenção
– Evitar aglomerações ou frequentar piscinas de academias ou clubes;
- lavar com frequência o rosto e as mãos, uma vez que estes são veículos importantes para a transmissão de micro-organismos patogênicos;
– não coçar os olhos;
– usar toalhas de papel para enxugar o rosto e as mãos, ou lavar todos os dias as toalhas de tecido;
– trocar as fronhas dos travesseiros diariamente, enquanto perdurar a crise;
– não compartilhar o uso de esponjas, rímel, delineadores ou de qualquer outro produto de beleza;
– não se automedique.
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