Pesquisas recentes vêm demonstrando que o prefeito do Recife, João Campos, é hoje um fortíssimo nome para o Governo de Pernambuco no próximo ano. O socialista, embora tenha recuado nas pesquisas, se apresenta dentro da casa dos 50-60% o que no mês de dezembro passava dos 70%. Ou seja, independente de gostar ou não, de ter a intenção de votar ou não, João Campos a medida em que cresce no conhecimento da população, vai obtendo também uma marca até natural: daqueles que não querem votar.
O prefeito que já foi deputado federal de 2019 a 2020, não teve destaque na Câmara Federal. Mas, mesmo assim, conseguiu o feito de se eleger prefeito do Recife. Ele era naquela época a promessa para a política do seu partido, o PSB que ficou sem nenhum representante de destaque com a morte do ex-governador Eduardo Campos tragicamente em 2014. Naquele ano, Eduardo estava em ascensão nacional, e já pontuava em terceiro lugar nas pesquisas. A partida de Eduardo marcou o PSB. Aqui em Pernambuco nenhum dos dois indicados por ele conseguiram fazer o caminho da liderança política, embora fossem eleito e reeleito tanto Paulo Câmara quanto Geraldo Júlio.
No entanto, o projeto de construir o nome de João Campos na política já estava em curso. Em 2020, por exemplo, a pré-candidatura do deputado federal Felipe Carreras a Prefeitura do Recife foi praticamente sufocada para dar lugar a João. Não existia de maneira nenhuma um plano B no partido. João sofreu uma forte campanha contra o seu nome até por questão de idade. Tinha apenas 26 anos no ano em que foi eleito prefeito. A maior opositora a João Campos no Recife foi a sua prima, a ex-deputada federal Marília Arraes. A parlamentar disse por diversas vezes que João não sabia qual o caminho percorrer e estava distante de ser um político de direita.
Não adiantou. João Campos foi eleito prefeito em 2020 e dali em diante passou a ser o nome forte do partido. Tanto que só não chegou a ser cotado para disputar o Governo em 2022 porque não tinha idade. Mas, já era certo que em 2026, seria a sua oportunidade. O que se diz é que existia um acordo até mesmo com o ex-deputado federal Danilo Cabral para que em sendo eleito em 2022, não disputasse à reeleição, porque este lugar já seria ocupado por João que renunciaria a Prefeitura para concorrer. Ou seja, João não é de maneira nenhuma uma novidade no jogo político do próximo ano. Ele já era uma promessa de muito tempo. Este cenário chegou a ser levantado inclusive pela própria prima, Marília Arraes, que disse que caso o PSB vencesse a eleição em 2022, ninguém mais conseguiria tirar o partido do poder porque 2026 era o ano da eleição de João para o Governo.
O planejamento do PSB sempre foi claro: fazer de João Campos um nome nacional que possa disputar a presidência pelo menos em 2030 quando Lula não estará mais no jogo. Hoje inclusive existe uma liderança de João Campos nas pesquisas mais por conta das redes sociais: o instagram e o tik tok, onde o prefeito sempre aparece interagindo com seus fãs e seguidores. Não são nem de perto conhecedores de seu trabalho como prefeito, são fãs da sua performance nas redes sociais. Algo que envolve até mesmo o uso das emoções. Diga-se de passagem, João Campos está conseguindo atingir a um público que nenhum político de Pernambuco conseguiu. Este resultado fez inclusive com que ele chegasse a ser citado em pesquisa para presidente da república entre os eleitores do campo progressista.
O cronograma é muito fácil de ser compreendido: eleito governador em 2026, aos 32 anos, com Lula reeleito, João Campos já vira automaticamente presidenciável em 2030. E um forte nome. Até porque fora Lula, quem hoje da esquerda poderia ocupar este espaço? Guilherme Boulos que não venceu nenhuma eleição majoritária das três que disputou. Ou Fernando Haddad que venceu apenas em 2012 a Prefeitura de São Paulo e entrou para a história como o prefeito da cidade que não foi reeleito? Fala-se muito no ministro Camilo Santana, mas a única vantagem do cearense hoje para João é ser do PT.
A desvantagem de João é se um candidato de direita vencer a eleição em 2026. Só a título de exemplo, em sendo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas o vitorioso da eleição presidencial de 2026, e não havendo nenhuma mudança na legislação eleitoral com o fim da reeleição, ele poderá fazer um trabalho e ser tranquilamente reeleito em 2030, o que postergaria o projeto de João Campos disputar a presidência apenas em 2034, isso é, se nenhum nome dentro da esquerda se viabilizar até lá. Até lá, João já terá 41 anos de idade e será bem jovem ainda para enfrentar uma eleição presidencial podendo adiar o seu projeto.
Mas, não se engane: o projeto do PSB (não de Pernambuco, mas nacional, comandado por João Campos) é elegê-lo governador de Pernambuco em 2026 e presidente do Brasil em 2030. Por isso que é prioridade para o partido que Lula seja o candidato agora em 2026 e seja reeleito. Apenas por isso e mais nada. Afinal de contas, se o presidente apresenta outro nome em 2026, este em sendo eleito já atrasaria o projeto nacional dos socialistas.
Outra coisa que pode sim atrapalhar todo o projeto do PSB: a reeleição da governadora Raquel Lyra sobre João Campos. Uma vitória da governadora em 2026 não seria apenas uma vitória da própria Raquel, mas uma derrota do projeto nacional do PSB que embora continuasse sobre a liderança nacional de João Campos, se veria obrigado a carregar um fardo: o de uma liderança sem mandato e que foi derrotado nas urnas. Alguém hoje presta tanta atenção no ex-prefeito de Salvador, ACM Neto?
Isto é o que está em jogo em 2026.
Silvinho Silva, editor do Blog do Silvinho
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