Dois dias depois de ter sido flagrado por câmeras de segurança espancando um idoso numa rua do bairro do Pina, Zona Sul do Recife, o ex-fisiculturista Bruno Nunes Elihimas, 35 anos, será encaminhado nesta segunda-feira (31) ao Centro de Obervação e Triagem Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, onde cumprirá prisão preventiva, depois que passar por exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML). O mandado de prisão foi expedido pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) a pedido da delegada Beatriz Cristina Leite, a quem ele prestou depoimento na tarde desta segunda. O mandado de prisão foi baseado no artigo 129, parágrafo 2º, inciso IV do Código Penal, sobre ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem, e Bruno pode pegar de dois a oito anos de detenção.
Acompanhado do advogado Marcelo Soares, o ex-fisiculturista se apresentou à Delegacia de Boa Viagem no início da tarde, no mesmo dia em que, mais cedo, foi exibida na televisão, uma entrevista com ele onde pediu compreensão à sociedade e admitiu que se excedeu. "Não sou assassino, não sou homicida, fui muito bem criado", alegou Elihimas na entrevista ao Balanço Geral, a TV Clube, afirmando também ser "apaixonado por idosos". No programa, ele admitiu que estava com medo de voltar a ser preso (apesar de se dizer inocente, foi condenado por receptação de produtos roubados) e afirmou que vinha sofrendo diversas ameaças. "De ontem para hoje, foram mais de cinquenta", afirmou.
A agressão, ocorrida numa calçada de um prédio na Rua Amazonas, no Pina, ganhou notoriedade ao ser compartilhada nas redes sociais durante esse fim de semana. Na filmagem, o guardador de carros William José de Souza, 62 anos, morador de Brasília Teimosa, aparece sendo violentamente agredido pelo ex-fisiculturista. De acordo com a Polícia Civil, o homem teve muitos ferimentos no rosto e perdeu os dentes. Ele chegou a passar pela UPA da Imbiribeira e, no domingo, foi encaminhado ao Hospital da Restauração, onde recebeu alta horas depois de ser atendido por um cirurgião buco-maxilo-facial.
Questionado pela imprensa à saída da delegacia se estava arrependido da agressão, Bruno afirmou que sim. "Bastante", disse, ao entrar no carro da polícia. O advogado Marcelo Soares informou que vai alegar que foi lesão corporal leve. De acordo com ele, o guardador de carros "por diversas vezes" agrediu verbalmente a namorada de Bruno e que ocorreu uma agressão física no último dia 26, "quando arremessou uma panela em direção a ela" - "Razão pela qual ela perdeu o bebê", afirmou o advogado, informando que foi dito à delegada o nome do médico da mulher.
Entrevista na TV
Bruno contou, na entrevista, que agrediu porque a esposa dele sofreu, segundo ele, ameaças do ex-marido (identificado na matéria como Carlos Zarzar) que a levaram a perder um bebê que estaria esperando. "Eu podia ter cobrado vida por vida. Ele perdeu um dente, mas meu filho morreu. Vou levar muito tempo para resgatar minha imagem. Olha a proporção que isso tomou em cima da minha dor", lamentou.
Segundo Bruno, William prestaria serviços para Carlos e os dois teriam intimidado tanto sua esposa, como a ele mesmo. "Sofri ameaças de morte, inclusive com armas. Não quero justificar o que fiz, mas se fosse você, o que faria?", perguntou ao repórter. Bruno disse que os dois teriam mantido sua esposa detida, sob coação, e a tensão teria feito com que sofresse um aborto. "O sonho de minha vida era ser pai, e eles destruíram. Eu não sou um monstro". Em nenhum momento, porém, ele apresentou qualquer laudo hospitalar, embora tenha sido inquirido a respeito.
William de Souza disse anteriormente conhecer Bruno apenas de vista, por circular no bairro do Pina, mas Bruno o acusou de ser informante e cúmplice na violência doméstica cometida por Carlos Zarzar. Ele justificou que foi tomar satisfação do ocorrido, um dia após o aborto. O espancamento foi registrado por câmeras de segurança e viralizou na internet, causando indignação diante da idade de William e de seu porte físico franzino. "Eu sou apaixonado por idosos, não sou um marginal", argumentou Bruno. Questionado sobre se estaria arrependido da mesma forma, caso a agressão não tivesse sido filmada e alcançado a proporção que tomou, ele disse que sim. "Apenas por um único motivo, eu sou um cara cristão".
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