PSDB: Dois nomes na disputa pelo comando do partido

PSDB Mulher lança o nome da ex-governadora para comandar o diretório da sigla
Yeda Crusius

A ex-governadora Yeda Crusius (PSDB, 2007-2010), hoje deputada federal, pretende concorrer Ă  presidĂȘncia nacional do partido. A decisĂŁo foi tomada depois que lideranças do PSDB Mulher, segmento partidĂĄrio presidido por Yeda, lançaram um manifesto em apoio Ă  candidatura dela. Entre as mulheres que subscrevem o nome de Yeda, estĂŁo a senadora eleita Mara Gabrilli (PSDB-SP) e outras deputadas federais eleitas e reeleitas. 

AliĂĄs, o desempenho das candidatas tucanas nas eleiçÔes de 2018 foi expressivo. As mulheres, que representam quase 50% dos filiados do PSDB, aumentaram sua representação no Congresso Nacional em 60% (passou de cinco para oito) e, nas Assembleias Legislativas, em 30%. Sob esse aspecto, mencionam as apoiadoras manifesto, a eleição de Yeda para a presidĂȘncia do PSDB "estaria em sintonia com o resultado das urnas". No total, o PSDB diminuiu sua bancada na CĂąmara dos Deputados de 49 para 29 deputados. 

A ex-governadora foi uma das responsĂĄveis pela ampliação das cadeiras femininas nos legislativos. Ela foi uma das defensoras da resolução do Supremo Tribunal Federal (STF) que obrigou os partidos nĂŁo sĂł a lançarem 30% de candidatas mulheres, mas tambĂ©m a destinar o mesmo percentual de recursos do fundo partidĂĄrio e eleitoral para a campanha delas. Em reuniĂ”es com a entĂŁo presidente do STF, ministra Rosa Weber, e a procuradora-geral da RepĂșblica, Raquel Dodge, defendeu tambĂ©m a importĂąncia do financiamento de candidatas a vice e suplentes.  

"O desafio Ă© unir o PSDB nacional", projetou Yeda. O manifesto das tucanas corrobora o objetivo: "Pela sua histĂłria de vida, seu bom trĂąnsito entre diversas correntes do partido e sua inquestionĂĄvel fidelidade partidĂĄria, Yeda Crusius Ă© a pessoa mais adequada para reconstruir e pacificar o PSDB". 

Depois das eleiçÔes, o racha dentro da legenda ficou nĂ­tido: de um lado, uma ala liderada pelo governador eleito de SĂŁo Paulo, JoĂŁo Doria (PSDB), defende o ingresso no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL); de outro, a ala liderada pelo candidato derrotado Ă  presidĂȘncia da RepĂșblica, Geraldo Alckmin, quer que a sigla se mantenha independente. 

O ex-governador de SĂŁo Paulo Alckmin Ă© o atual presidente nacional da sigla e deve se manter no cargo atĂ© maio de 2019. O PSDB Mulher se reuniu com ele nesta semana e tambĂ©m sustentou a independĂȘncia em relação Ă  gestĂŁo Bolsonaro. Yeda tem uma relação prĂłxima com o ex-governador de SĂŁo Paulo. 

Para a ex-governadora, a unidade partidĂĄria Ă© decisiva no ĂȘxito eleitoral. Ela cita o exemplo do diretĂłrio gaĂșcho. Em 2015, o entĂŁo presidente nacional da sigla, AĂ©cio Neves (PSDB), interveio na instĂąncia estadual da legenda, designando o prefeito Nelson Marchezan JĂșnior para dirigir os tucanos. 

Isso gerou um racha entre os apoiadores de Marchezan e os que defendiam uma eleição para a presidĂȘncia estadual. Segundo Yeda, essa situação sĂł foi superada quando o governador eleito Eduardo Leite (PSDB) unificou a sigla, em torno da sua candidatura ao governo do Rio Grande do Sul. 

Para apaziguar os conflitos no diretĂłrio nacional, as tucanas acreditam que "o nome de Yeda reĂșne todas as condiçÔes para dirigir o partido neste momento em que a população exige mudanças e tambĂ©m sensibilidade para responder as aspiraçÔes do conjunto da sociedade". O congresso do PSDB começa em março de 2019, quando ocorrem o ciclo de reuniĂ”es nos municĂ­pios. Em abril, serĂŁo realizados os eventos nos estados. E, por fim, em maio, acontece o encontro nacional. 

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Bruno AraĂșjo

A derrota de Geraldo Alckmin na corrida pela PresidĂȘncia da RepĂșblica aliada Ă  eleição de JoĂŁo Doria para o Governo de SĂŁo Paulo pode acelerar mudanças internas no ninho tucano. Uma das hipĂłteses que jĂĄ vem sendo ventilada nos bastidores Ă© a realização de eleição para o comando nacional da sigla. 

Hoje, o PSDB Ă© presidido por Alckmin e alguns jĂĄ defendem que tirar o controle do partido de SĂŁo Paulo seria uma alternativa para distensionar o clima internamente. Com o racha estabelecido naquele Estado, atender, via acordo pela presidĂȘncia, todos os lados envolvidos seria um desafio. 

HĂĄ diversas correntes no tucanato paulista, o que levaria algumas a saĂ­rem arranhadas. Sair de SĂŁo Paulo, entĂŁo, seria uma das soluçÔes internas visando a reduzir o calor da disputa. O nome de Bruno Ă© visto como opção que circula em todas as correntes do PSDB nacional, em todos os estados. 

De outro lado, dado o cenĂĄrio de terra arrasada que se instalou na sigla, apĂłs a corrida presidencial, a legenda precisarĂĄ de dedicação “full time”. A pessoas prĂłximas, Bruno jĂĄ havia sinalizado nĂŁo ter interesse em ocupar cargo no Governo Federal no curto prazo. Como a coluna registara, ele instalou escritĂłrio em BrasĂ­lia para exercer a advocacia. 

Essa condição de manter-se fora de um governo Jair Bolsonaro contemplaria essa necessidade de dedicação integral para uma reorganização da legenda. Bruno tem trĂąnsito tanto no grupo de Geraldo Alckmin e no de JoĂŁo Doria. Chegou a acompanhar a apuração ao lado do governador recĂ©m-eleito de SĂŁo Paulo no Ășltimo domingo. 

Em entrevista, Doria realçou a presença do pernambucano na ocasião. Após o primeiro turno, uma discussão, em reunião reservada, levou Alckmin a sugerir que Doria o havia traído. "Traidor eu não sou", disparou o ex-governador de São Paulo. Após o segundo turno, Doria registrou não ter recebido telefonemas nem de Fernando Henrique Cardoso, nem de Alckmin. A temperatura interna anda elevada. E Pernambuco pode ser variåvel relevante nessa equação que envolve a redução de arestas internas

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