Jean Wyllys renuncia mandato e deixa o Brasil após ser ameaçado de morte

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O deputado federal Jean Wyllys (PSol) anunciou nesta quinta-feira (24/1) que está abandonando o mandato no Congresso Nacional após sofrer graves ameças de morte. O parlamentar publicou nas redes sociais uma mensagem, agradecendo aos seguidores, e dizendo que manter-se vivo "também é uma forma de resistência". Jean deixará o Brasil sem data de retorno.

O parlamentar está sob escolta da polícia desde o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol), no Rio de Janeiro. Eleito com 24 mil votos para o terceiro mandato, Jean já está no exterior, de férias, e disse que não pretende retornar ao Brasil.

Além de ameaças feitas por grupos de milicianos, o parlamentar também é alvo de grupos conservadores, que o atacam pelas redes sociais diariamente. O político também é um dos maiores alvos de notícias falsas espalhadas pela internet.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Jean disse que a eleição do presidente Jair Bolsonaro foi a causa principal da desistência. Mas, sim, o aumento do nível de violência. "Não foi a eleição dele em si. Foi o nível de violência que aumentou após a eleição dele. Para se ter uma ideia, uma travesti teve o coração arrancado agora há pouco. E o cara [o assassino] botou uma imagem de uma santa no lugar", disse.

Perguntando pelo jornal sobre o local de destino, Jean Wyllys não quis contar onde está nem para onde vai. "Eu não vou falar onde estou. Eu acho que vou até dizer que vou para Cuba [ironiza]. Eu sou professor, dou aula. Eu escrevo, tenho um livro para terminar. Eu vou recompor minha vida. Eu vou estudar, quero fazer um doutorado." 

Em mensagem publicada no Twitter, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) escreveu uma frase sem fazer referência direta ao deputado. O chefe do Executivo escreveu "grande Dia", logo após afirmar que está voltando ao Brasil, após deixar o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. 

Redes sociais 

Diante da novidade, milhares de internautas foram ao perfil de Jean para demonstrar solidariedade. "Jean, você sempre foi um símbolo de esperança para mim. Sua decisão é compreensível. Obrigado por ser linha de frente em um ambiente tão hostil. Obrigado por se manter vivo. Fico triste, resignado, mas com gigante admiração", escreveu um seguidor. 

"Obrigada por ser oposição quando precisamos de oposição. É preciso coragem para se estar no seu lugar. E mais coragem ainda para manter-se vivo no seu lugar. Discordamos em muitos pontos, mas admiro sua luta. Volte sempre. Tem apoio de milhões", publicou outra, em resposta ao parlamentar. "Parabéns por toda a sua luta, por todo o seu serviço ao país. Espero que tempos melhores lhe acolham de volta no futuro", disse um internauta. 

Quem pode ocupar o lugar de Jean Wyllys na Câmara é o suplente David Miranda (PSOL-RJ), vereador carioca. Ativista LGBT, casado com o jornalista Glenn Greenwald, David é jornalista e vencedor do Prêmio Pullitzer em 2014 por sua reportagem sobre programas de vigilância secretos dos Estados Unidos.

Quem é Jean Wyllys

Parceiro dos movimentos LGBT, negro e de mulheres, Jean Wyllys participa de ações que combatem a homofobia, a discriminação religiosa e a violência contra a mulher. Foi eleito deputado federal pelo PSOL-RJ para os mandatos 2011-2014 e 2015-2018. É escritor, com quatro livros publicados, apresentador e curador do programa Cinema em Outras Cores no Canal Brasil, programa de curtas metragens.

Wyllys foi professor do Programa de Pós-Graduação em Infecção HIV/Aids e Hepatites Virais da UNIRIO, além de colunista da Carta Capital, da Mídia Ninja, e do iGay, portal LGBT do iG. Atuou também como professor universitário na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e Universidade Veiga de Almeida (UVA). 

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