Alckmin sinaliza Mendonça como vice. Mudança pode mexer na vaga do senado da oposição

Josias de Souza
De passagem pela cidade paraibana de Campina Grande, o presidenciável tucano Geraldo Alckmin sinalizou a intenção de acomodar um nordestino como número 2 de sua chapa. Declarou neste sábado que a escolha de um vice do Nordeste “é até mais natural, porque é a segunda região mais populosa depois do Sudeste.”
Na sucessão de 2014, o PSDB compôs uma chapa ''puro-sangue''. O vice do então candidato Aécio Neves foi Aloysio Nunes, um tucano de São Paulo. Alckmin  informou que seu companheiro de chapa “certamente não será do PSDB.” Acrescentou: “Quem deve indicar são os partidos aliados.”
Otimista, Alckmin afirmou que sua coligação será ampla. “Acho que vamos ter seis, sete, podendo chegar até a oito partidos.” No momento, o candidato tucano disputa com o rival Ciro Gomes (PDT) o apoio do DEM e dos partidos do chamado centrão. Entre eles PP, PR, PRB e Solidariedade.
Na última quarta-feira, Alckmin reuniu-se em Brasília com o presidente do DEM, o prefeito de Salvador ACM Neto. O encontro ocorreu no apartamento funcional do deputado Mendonça Filho (DEM-PE), ex-ministro da Educação do governo de Michel Temer.
Mendonça sempre foi mencionado como uma opção de vice para Alckmin. Mas a demora na costura da aliança levou o deputado a formalizar sua candidatura ao Senado, numa coligação encabeçada pelo senador Armando Monteiro, que disputará o governo de Pernambuco pelo PTB.
Numa das entrevistas que concedeu em Campina Grande, Alckmin foi questionado sobre a hipótese de Mendonça ser o seu vice. Elogiou o deputado. Mas evitou acomodar o carro adiante dos bois. Disse que, por ora, o DEM mantém a candidatura ao Planalto do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
O tucano se aborreceu quando lhe perguntaram sobre o jantar que reunira Maia, Michel Temer e Aécio Neves, na noite de quinta-feira. Classificou de “fake news” a notícia segundo a qual o tema do repasto foi a hipótese de trocar a sua candidatura pela do tucano João Doria (assista abaixo).
Alckmin voou para o Nordeste a pretexto de prestigiar as festas de São João. Além de Campina Grande, visitou, na noite de sexta-feira, a cidade pernambucana de Caruaru. A incursão insere-se num esforço do tucano para se fazer notar numa região em que seu prestígio é esquálido.
Segundo a mais recente pesquisa do Datafolha, a taxa de intenção de votos de Alckmin no Nordeste é de ínfimos 2%. O político mais popular entre os nordestinos é Lula. Nos cenários que excluem o candidato inelegível do PT, Alckmin está na rabeira, perdendo para Jair Bolsonaro (PSL), Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede).
Esforçando-se para recuperar terreno, Alckmin afirmou que pretende priorizar o Nordeste no seu plano de governo. “O Brasil não vai crescer se o Nordeste não crescer”, afirmou. “Aqui tem 55 milhões de pessoas. É a região onde o investimento mais rapidamente gera resultado. […] Vamos concentrar fortemente aqui. Estamos fazendo um programa de governo muito voltado ao Nordeste.”
Alckmin cuidou de tomar distância de Michel Temer, um político que consegue ser mais impopular do que ele entre os nordestinos. Perguntaram-se sobre os vínculos do PSDB com o governo Temer. Embora o tucanato tenha desembarcado do governo, o tucano Aloysio Nunes continua no Itamaraty.
“Quem escolheu o Temer não fomos nós, foi o PT”, disse Alckmin, numa referência ao fato de que o presidente mais impopular da história, com 82% de reprovação no Datafolha, foi guindado ao trono porque era o vice de Dilma Rousseff, deposta em 2016. O tucano aproveitou para alfinetar Temer.
Sob Temer, disse Alckmin, o governo “praticamente se ausentou do financiamento da saúde pública”. Para corrigir a falha, o candidato tucano afirmou que, se eleito, reajustará a tabela de repasses de verbas federais para o SUS. É uma forma de “aliviar o peso que hoje carregam Estados e municípios.”


Além de criticar as falhas alheias, Alckmin viu-se compelido a se explicar. Foi abalroado por uma pergunta sobre o aliado Laurence Casagrande, preso pela Polícia Federal na última quinta-feira, na Operação Pedra no Caminho. Ex-presidente da Dersa, estatal que cuida das rodovias em São Paulo, Casagrande é acusado de desviar verbas da obra do Rodoanel, menina dos olhos do tucanato. Alckmin manifestou o desejo de que a investigação seja rápida. E defendeu o investigado.

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