Delações podem ‘sacramentar’ derrota de Paulo Câmara em 2018

O cenário é de grande dificuldade para Paulo Câmara (PSB), mas essa análise era de ontem. Nessa quarta-feira, dia 18, do cais ao sertão, no meio político e econômico, não se fala de outro coisa, a não ser na ‘Operação Turbulência’ da Polícia Federal, que pode derrubar e sepultar de vez o projeto de reeleição do governador do estado e obscurecer o mandato e os projetos futuros do prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), deputado federal, Tadeu Alencar (PSB) e do Senador Fernando Bezerra Coelhos (ex-PSB).

No Palácio Campo das Princesas, a informação de que a justiça homologou acordos de delação premiada, firmados por empresários e operadores financeiros alvos da Operação Turbulência, devem revelar um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e pagamento de propina, envolvendo grandes caciques do Estado de Pernambuco, entre eles o governador Paulo Câmara, Geraldo Júlio, Tadeu Alencar e Fernando Bezerra Coelhos, que foram citados, anteriormente, na Operação Fair Play, que investiga superfaturamentos nas obras da Arena Pernambuco.

Todos os citados podem, inclusive, em ambas investigações, serem presos, caso se comprovem crimes de corrupção, desvios de dinheiro e superfaturamento de obras públicas que chegariam a R$ 600 milhões. O esclarecimento dos desvios podem ocorrer com a delação premiada desses empresários e operadores. As operações de investigação são chefiadas e dirigidas pela Polícia Federal e Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com a jornalista Noelia Brito e Ricardo Antunes, a Polícia Federal confirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) homologou as delações dos empresários João Carlos Pessoa Lyra, Eduardo Ventola, Apolo Santana e o sócio de Campos, Aldo Gudes. As delações podem trazer detalhes, que deverão sepultar a reeleição de Paulo Câmara nas Eleições de 2018, inclusive, derrubar uma série de aliados do ex-governador Eduardo Campos, todos da militância  do PSB de Pernambuco.

Essa informação surge no momento em que o PSB tentava construir  uma união com PT para o próximo ano, no entanto, com a agenda política da neta de Miguel Arraes, a pré-candidata Marília Arraes (PT), dificilmente ocorrerá uma unificação no Estado de Pernambuco, pois a análise é de que a vereadora do Recife (PE) tem desestabilizado as estruturas políticas da Frente Popular de Pernambuco (FPP) e tem ganhado território nas bases eleitorais da Zona da Mata, Agreste, Sertão e São Francisco.

No interior, o mérito ficou para o líder petista de Serra Talhada, prefeito Luciano Duque (PT), que em uma visão política, lançou na imprensa que ‘Marília Arraes’ seria candidata nas Eleições de 2018, juntamente com Humberto Costa (PT), que no processo chegou a balançar, mas já se acalmou e ganha fôlego para se reeleger senador.

A condução foi tão acertada, que a debandada do PSB de Pernambuco ocorre por dois caminhos, primeiro, pelas operações de combate a corrupção; segundo, porque se Marília Arraes sair candidata, o petista da capital do xaxado poderá ser eleito deputado federal e criar uma tormenta para o deputado licenciado e secretário de transportes, Sebastião Oliveira (PR). A candidatura de Marília Arraes também ganha corpo, justamente, no momento em que as delações vão acontecer e que o Fernando Bezerra Coelho (FBC) desestruturou o grupo do deputado federal Jarbas Vasconcellos e vice-governador Raul Henry; mas, voltemos as investigações.

INVESTIGAÇÕES – A Operação Turbulência foi deflagrada em junho do ano passado, após a identificação de uma rede de empresas de fachada, envolvendo a compra do avião que teria sido utilizado para lavar cerca de R$ 600 milhões. As investigações começaram com as dificuldades de identificar o dono da aeronave, após o acidente que culminou na morte do ex-governador Eduardo Campos. No entanto, as operações ganharam novas páginas após uma nova empresa ser checada pela Polícia Federal (PF), possuindo contratos milionários com o Governo do Estado de Pernambuco, onde, possivelmente, ocorreriam as movimentações do dinheiro no esquema.

As investigações ganharam impulso e notoriedade em Pernambuco, após empresários serem presos e um deles cometer suicídio em motel da cidade de Olinda (PE), que gerou especulações e fortaleceu as investigações federais.

De acordo com o jornalista Ricardo Antunes, a ‘Operação Turbulência’, que teve origem na queda do avião que matou o ex-governador Eduardo Campos, era de propriedade dele e dos empresários. A PF compartilhou informações com a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba e com o grupo de investigadores da Procuradoria-Geral da República (PGR). Para chegar aos verdadeiros proprietários do jatinho, a PF mapeou uma teia de empresas de fachada, supostamente, utilizadas para lavar e escoar dinheiro oriundo de obras públicas, para campanhas políticas.

Foram investigados repasses da Camargo Corrêa e da OAS que teriam origem em desvios praticados em obras da Petrobrás em Pernambuco e na transposição do Rio de São Francisco. O empreiteiro Marcelo Odebrecht e o então diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, já haviam detalhado parte do esquema que agora vem à tona com a delação dos empresários.

Postar um comentário

0 Comentários